‘Quarto de Despejo’ sobrevive
Os políticos adoram fazer visitas na favela em épocas eleitorais, para realização de festas e oferecer comida. Ela relata no dia 28 de Maio..
O Brasil possui envergadura antigas. É um país com várias facetas da desigualdades e a permanência de governos que apelam pela falta de bom senso. A brasileira e escritora Carolina Maria de Jesus, no livro Quarto de Despejo, descreveu sua realidade, triste realidade, na favela do Carindé, em São Paulo, na década de 1950.
Todos os dias são batalhas para vencer a fome. A fome que mata milhares. A fome da desigualdade. A fome da miséria, no Brasil. Ela relata no livro, em 5 de Julho: "Vai buscar água mamãe!" Querido leitor e querida leitora, vou pedir para fazer um instante de reflexão. Reflita no que você se alimentou no dia anterior e o que vai alimentar hoje e amanhã. Acredito que tenha fartura. A comida cotidiana: arroz, feijão, macarrão, carne, verdura, legumes, suco ou água para beber. Se alimentou em casa ou no restaurante ou na casa de amigos, em algum lugar apropriado. Pense que, há brasileiros com fome. Não possuem arroz e macarrão. A carne é extinta. Verdura e legumes são escassos.
Há brasileiros e brasileiras que vasculham o lixo. Catam para vender, igual a Carolina Maria de Jesus. Uma mulher negra que morou na favela do Carindé, que está extinta e hoje é a marginal Tietê. Possui três filhos para cuidar, criar e alimentar.
A saída da favela era sua prioridade. Tinha desfortuna na vizinhança. Os vizinhos são implicantes com seus filhos, pois ficavam brincando na rua e a implicância acontecia também por ficarem no quintal de sua casa. Carolina fica revoltada quando adultos implicam com crianças. Morava numa casa de madeira e coberta por papelões. No dia 6 de Julho: "Parece que eu vim ao mundo predestinada a catar. Só não cato felicidade."
Carolina relata no dia 16 de Julho: “Fiz café. Avisei as crianças que não tinha pão. Que tomassem café simples e comece carne com farinha.” Nas linhas seguintes continua: “Pensei na vida atribulada que eu levo.” Lembra dos filhos que possui, e diz que, “E estou sempre em falta.” As crianças sempre necessitam de mais. A invulnerabilidade de uma mãe. Nesse mesmo dia, a filha está andando descalço, porque não possui sapatos para calçar. A criança queria ter os pés cobertos para não se machucar e seguir para a escola, igual todas as "crianças normais".
Os políticos adoram fazer visitas na favela em épocas eleitorais, para realização de festas e oferecer comida. Ela relata no dia 28 de Maio: "Os políticos só aparecem aqui no quarto de despejo, nas épocas eleitorais." Depois todos esquecem.
Na década de 1950 e hoje, em 2024, a Carolina e o restante dos brasileiros passam pela mesma situação: fome. Estamos, infelizmente, com milhões de pessoas passando fome. Pessoas com fome, não conseguem trabalhar, estudar, pensar, atrapalha de forma geral.
Em suma, a vida de Carolina Maria de Jesus era batalhar todos os dias conflitando com a fome diária e cuidar de seus filhos. Na última linha do livro, 1 de Janeiro de 1960: "Levantei as 5 horas e fui carregar agua." O ciclo continua, literalmente, contínuo para os brasileiros.