Perde a noção de tempo e espaço. Não se sabe quando é dia ou noite, ou quando foi o dia e a noite. Um espaço curto de disposição entre ao acordar e o dormir. Dormir? Abrir os olhos, olhar ao redor e não sabe o que está acontecendo. No abrir dos olhos que estão fechados por horas, percebe que está em um lugar isolado, onde circula várias pessoas com jaleco branco.
Por alguns instantes observa alguns fios ligados ao seu corpo em aparelhos que estão ao redor. Mas isso fica de relance. Novamente, sem perceber, já passou alguns dias? Os dias fluem no fluxo d’água no rio largo e profundo. Percebe-se que as pessoas de branco estão cuidando e injetando algo no seu corpo. Aquilo ao penetrar na corrente sanguínea sente uma ardência desvairada no curso da aplicação, pois fica querendo que ligeiramente termine. Uma angustia não descritiva. Mas percebe que alguma dor foi aliviada.
Retoma no curso d'água no rio, sem perceber. Por alguns momentos há fleches das pessoas de jaleco te movimentando de um lado e do outro, como se estivesse te dando um banho, pois está imóvel em consciência. Neste ínterim não se sabe de nada e nem o que ocorreu. A única consciência é da vida. Depois de vários dias, algo ocorre em seus pensamentos e lembra porque está ali deitado numa cama isolado com tantas pessoas de jaleco branco circulando.
A consciência recorda do horário de visita na ansiedade de conversar com alguém conhecido. Rememora que quer sair. Sair do espaço isolado, mas percebe-se que não está isolado. Há outras pessoas piores do ele ao redor, cada um no espaço isolado. Que coisa terrível. Entretanto, há aquele alerta do subconsciente, estou vivo. Mas quer sair do isolamento.
Passa o rio do tempo, porém agora consciente ou, pelo menos, achava. Observou que a cama era pequena e usava um lençol branco, todos os dias era trocado. Os fios pelo corpo era de várias cores ligados a um aparelho que as vezes apitava. Percebia que a cada período havia troca das pessoas de jalecos, pois em alguns turnos de tempo via pessoas diferentes.
No fim, naquele espaço, descobriu que saiu da situação com vida. O rio do tempo agora vai na virtude da paciência.