Música toca a alma, mas hoje chega a promiscuidade
No período do parto Romântico a música era algo abstrato, separado da vida. Hoje há promiscuidade.
Qual sua sensação, seu sentimento ou emoção que reverbera no coração, ao ouvir música? Há na música uma mironga, isto é, magia e mistério que toca na alma. Ela possui algo que não conseguimos descrever algumas vezes. Há momentos que podem trazer mar de sentimentos, saudades, nostalgia, tristeza, felicidade, beleza de viver, agitação, tranquilidade e paz.
Como na música clássica de Bach, Chopin, Beethoven ou Mozart, eles possuem uma harmonia indescritível. O mesmo na Música Popular Brasileira (MPB). A MPB possui letras fascinantes que nos envolve em seu ritmo brasileiro.
O filósofo alemão Schopenhauer (século 18), aborda a música como sendo fora da razão e de qualquer outra coisa. Ele é considerado o filósofo mais pessimista da história. Assim disse no livro, O mundo como vontade e representação: “O compositor nos revela a essência íntima do mundo; ele é o intérprete da sabedoria mais profunda, falando uma língua que a razão não pode compreender”. Schopenhauer viveu no período do nascimento do Romantismo.
No período do parto Romântico, século 18, a música era algo abstrato, separado da vida, uma forma de expressão direta, não mimética, como disse o filósofo, Isaiah Berlin em As Raízes do Romantismo. São características que percorrem na atualidade. Foi um período turbulento onde todos tinham o direito de cantar o que quisessem nas ruas. Hoje, século 21, há os sem noção que colocam músicas em seus aparelhos achando que todos devem ouvir o que toca em seu aparelho, em seu mundo narcísico.
No Brasil nessas duas décadas deste século, ficamos à mercê da qualidade musical, uma inclinação para a promiscuidade. Até a década dos anos 2000, ainda tínhamos músicas de qualidade. Tivemos períodos com músicas de excelência. O período de ouro que foi o país na década passada. Muitos cantores que faleceram como Rita Lee, Cazuza, Renato Russo, Gal Costa, Erasmo Carlos, Elis Regina, todos com letras que são poemas para a vida. Falei dos mortos, entretanto há vivos: Gilberto Gil, Caetano Veloso e Maria Bethânia. Músicos que merecem aplausos.
Música traz a beleza, expressa a vontade, uma energia intrínseca, dá aquele impulso interno inexprimível. Realiza movimentos que outra arte não realiza. A música traz a beleza da vida e enriquece a alma.